Redes Sociais e a Política
A sociedade em que vivemos agora, classificada como sociedade da informação ou do conhecimento, é caracterizada pela capacidade de obter informação quase instantânea, fazendo o uso de aplicações tecnológicas, alterando significativamente o modo como passamos a nos relacionar.
No entanto, esta mudança em nossas formas de relacionamento não aconteceu repentinamente, foi um processo gradativo que ocorreu ao longo do tempo e de acordo com as necessidades de cada sociedade, sendo os novos dispositivos eletrônicos, internet e as redes sociais, os maiores meios comunicativos para isso.
Pode-se dizer então que, a partir deste avanço tecnológico, tudo teve que ser repensado dentro da sociedade para se encaixar nesses novos padrões que a era da informação solicita.
As campanhas publicitárias, por exemplo, já não são mais as mesmas, deixam de circular em apenas alguns veículos de comunicação e passam a fazer conteúdo para a internet também, assim como os jornalistas, que tiveram que se adequar a estes novos moldes sociais e até os microempreendedores que mudaram o foco de atuação.
Já na política, diretamente ligada à sociedade, as coisas não foram diferentes, ela teve que se redimensionar junto com o novo avanço tecnológico para conseguir atender a todas as pessoas e, qual o melhor jeito de fazer isso se não por meio das redes sociais?
Já faz um tempo que partidos políticos usam as redes para se promover. Marina Silva, então candidata do PV, é um bom exemplo disso. Fez uso de ações criativas na internet para atrair a atenção do maior número de eleitores. Porém, será nas eleições deste ano que o uso de ferramentas tecnológicas terão um enfoco maior.
Com uma minireforma eleitoral, sancionada em dezembro de 2013, as manifestações partidárias pela internet e redes sociais foram liberadas o ano inteiro e não correm mais o risco de serem denunciadas como propaganda eleitoral antecipada. Com isso, os candidatos passaram a sentir mais segurança e liberdade para explorar as ferramentas virtuais.
A nova regra, além de sistematizar e integrar a internet como mais um recurso importante para que os eleitores possam conhecer e decidir sobre os votos, penaliza a chamada “guerra suja” entre os partidos, resumida pela ação de contratar pessoas, direta ou indiretamente para ofender e difamar a imagem de um candidato de outros partidos, com comentários ou imagens nas redes.
Devido a rapidez com que as informações, de todos os tipos, circulam pela internet, conseguindo alcançar setores da sociedade que as vezes outros veículos de comunicação não conseguem; candidatos com pouco dinheiro em relação aos seus adversários, mas com um bom número de adeptos, usam as redes sociais como auxilio em suas campanhas eleitorais. Sem dúvidas, por se tratar de um território livre com a vantagem do imediatismo, sai mais barato do que conseguir um espaço no horário eleitoral da televisão, por exemplo.
Cada vez mais as páginas eleitorais políticas ou apenas dos candidatos sozinhos aumentam nas redes sociais. E essa recente modalidade de promoção vem dando tão certo, que alguns candidatos conseguiram se destacar a tal ponto, que já atingiram certa popularidade dentro do próprio partido. Mas todo cuidado é pouco no momento de usar as redes sociais como meio para propaganda política. Ao mesmo tempo em que ela pode ser a resolução dos problemas de candidatos por ai, pode acabar sendo o declínio deles também.
Muitos erros de abordagem e de administração das páginas acabam contribuindo para que a popularidade atingida pelos políticos vire motivo de piada dentro das redes. O primeiro deles é o tom escolhido para se dirigir aos eleitores. Muitos partidos preferem fazer uso da linguagem formal, quando na verdade isso distancia e dificulta um possível diálogo entre as partes. Procurar identificar o público alvo ajuda na hora de decidir o melhor tom para ser usado.
Outra coisa que distancia o eleitor do político nas redes é a postagem de conteúdos. Independente de se tratar de política ou não, deve-se sempre ter certa dose de cautela em suas publicações, mas como se trata de uma página voltada para um fim específico, postar fatos inconvenientes e vida íntima nunca é a melhor opção. Além do mais, repostar conteúdos de órgãos oficiais e deixar que assessores escrevam na página dá um ar artificial e não passa a sensação de autenticidade.
Logo, o retorno por parte dos fãs da página depende de uma série de fatores. O uso de fotos e vídeos dão um bom engajamento, assim como a descrição da rotina de compromissos dos candidatos mostram veracidade em suas ações.
A interação por sua vez, é outra coisa muito importante e que se deve levar em consideração nas campanhas eleitorais via redes sociais, já que o resultado e o sucesso não são medidos pelo número de pessoas que acessam a página, e sim com os diálogos que acontecem dentro delas por meio dos comentários, são eles que indicam o interesse das pessoas pela página.
O partido do PT é o exemplo mais recente das campanhas deste tipo. A partir deste mês, ele irá orientar seus candidatos no uso das redes sociais através de oficinas, visando, principalmente a reeleição de Dilma Roussef. Essas oficinas acontecerão em todos os estados e vão dar as diretrizes sobre os programas partidários do PT e suas ações, para que a partir disso, os próprios candidatos possam expor seus ideais nas redes. Fora estas coisas, o PT pretende mostrar sua agenda parlamentar, decisões partidárias e opiniões dos dirigentes sobre os temas dos momentos.
Entretanto, o papel das redes sociais na política está muito além disso. Pessoas com o mesmo ideal e, na maioria das vezes sem vínculos partidários, enxergam nas redes a oportunidade de articulação. Hoje, a maioria dos movimentos populares e protestos começam nas redes, ganham força e acabam interferindo nas decisões políticas que estas pessoas envolvidas consideram abusivas.
O Panelaço foi um destes movimentos organizados pelo Facebook que conseguiu se expandir e evoluir para passeatas e protestos em sessões na Câmara de Ribeirão, pressionando os vereadores a fixar seus salários para valores menores.
Em âmbitos gerais, ao contrário do que muitos pensam, as redes sociais não estão aqui para atrapalhar, é tudo questão de ponto de vista.
Tudo na sociedade depende do modo de atuação e no caso da política isto está mais do que provado. Nela, as redes sociais podem tanto potencializar os efeitos das mobilizações sociais e de campanhas partidárias, como pode trazer sérios prejuízos para as mesmas.
Aline (alinerodrigues@sautlink.com) é estudante e apaixonada na arte de escrever e pesquisar histórias e fatos. No Grupo Sautlink é colaboradora da área de Comunicação, Conteúdo e Mídias Digitais.
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