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Mídias Sociais aplicadas à educação

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Que um jovem é multifacetário, disso todos sabemos. Eles conseguem pensar e fazer várias coisas ao mesmo tempo, com a mesma intensidade e dando a mesma proporção de importância para tudo, mas quando se tem isso acoplado à tecnologia, o âmbito muda de questão.  A tarefa de assistir TV, ao mesmo tempo em que troca de música no player do computador, estuda, bate papo com amigos no Facebook e responde a um SMS já é um fato, afinal, já virou parte do cotidiano de muitos deles. E mesmo a tecnologia tendo seu inegável espaço na atualidade, a maior dificuldade em relação a ela e que anda gerando pauta para muita discussão é de como encontrar a melhor maneira de integrar a tecnologia à educação desses jovens que, apressados em absorver conhecimento, não se contentam mais com os mesmos métodos de estudos usados ao longo dos anos e que já são tidos como ultrapassados. 

Quando se fala em tecnologia e jovem, logo pensamos nas mídias sociais, elas são um dos maiores motivos pelo qual o jovem dedica tanto tempo às máquinas cada vez mais potentes, que surgem no mercado. E embora elas sejam usadas de diversas formas, como no marketing, negócios, comunicação e entretenimentos, educadores do mundo inteiro, na tentativa de encontrar a fórmula perfeita de algo que, se bem aproveitado, pode ser a solução de muitos problemas, estudam todas as propriedades das redes e, consecutivamente, seus impactos na grade curricular atual dos jovens alunos.

Ao contrário do que muitos pensam, as mídias sociais, quando usadas da maneira certa, são grandes aliadas no processo tão delicado quanto a aprendizagem, pois elas passam a funcionar como ponto de encontro ideal para a mediação de grupos de estudo, disponibilização de conteúdos extras, promoção de discussões, organização de calendários de eventos culturais de acordo com a matéria estudada e chats de dúvidas. O Youtube, por exemplo, permite que as chamadas Vídeos Aulas sejam reproduzidas quantas vezes o aluno quiser e achar necessário, além de permitir comentários e já o Facebook, de longe o preferido para este tipo de negócio, propicia a criação de grupos, por turma ou escola, onde os conteúdos podem ser passados e compartilhados. 

Além dessas redes citadas, existem muitas outras por aí que podem suprir a necessidade de algum determinado tipo de método, e de acordo com a exigência de cada matéria. Temos, por exemplo, os fóruns de esclarecimento de dúvidas através de opiniões, os sites de contribuição de conteúdo, onde o aluno deixa de apenas absorver e passa a colaborar na produção, os sites que liberam alguns trabalhos acadêmicos e escolares para consulta, sites como Acervo PúblicoGoogle Livros permitindo o fácil acesso a obras literárias importantes no dia-a-dia da maioria dos estudantes, os portais educativos com revisão de matérias e até mesmo a plataforma e-learning, solucionando o problema de distância através de vídeo conferência. 

Realmente são muitas as opções oferecidas, no entanto, como toda mudança, ainda mais uma mudança como essa, que altera de modo profundo os meios que conhecemos até hoje como educativos, traz consigo alguns obstáculos. O papel do professor nessa transição é um deles. 

Ao mesmo tempo em que as redes permitem que o professor trabalhe com mais recursos e ferramentas fazendo com que ele dê aulas mais focadas, este esbarra na dificuldade de limite de interação. Os alunos, ao adicionarem um professor em sua lista de amigos não querem um contato superficial e muito menos falso, gostam de ver o professor na “vida real”, como ele é realmente fora da sala de aula. Criar um perfil apenas para os alunos, para deixar de expor a vida pessoal para os estudantes, não é algo que costuma funcionar. E diante desse impasse, os professores passam também a se policiar nas redes sociais para continuar dando bons exemplos, dai uma das causas de muitos professores irem contra este método. Além disso, o professor é peça fundamental nos grupos de estudos criados na internet, é ele quem vai mediar às discussões, disponibilizar os conteúdos e orientar os alunos nos chats de dúvidas, sempre tendo o cuidado para não sair do assunto visto dentro da sala de aula e trazer sempre as discussões para o mundo off. 

O professor de biologia de uma escola pública na Zona Oeste de São Paulo é um bom exemplo para mostrar como essa interação entre aluno e professor é possível no mundo virtual. Ele resolveu se aventurar nas redes sociais com seus alunos e não pensou duas vezes antes de usar seu perfil ativo para criar um grupo no Facebook e postar conteúdos relativos às discussões em sala de aula. A ideia deu tão certo que, logo, outros professores da mesma escola, passaram a frequentar esse grupo e postar questões de suas matérias, e todos com seus perfis ativos. 

Mas ainda assim, essa questão de privacidade do professor não é o maior desafio de uma mudança desta natureza no mundo escolar, e sim a inclusão tecnológica que precisaria ser feita. Voltamos ao exemplo do professor que disponibiliza conteúdos extras na internet para seus alunos, ele deve se atentar ao fato de que nem todos os alunos gostam de alguns tipos de redes sociais e nem todos as usam, sendo assim, ele tem que, obrigatoriamente escolher a mídia que mais se adeque a todos, como um blog, que é bem mais abrangente. 

No entanto, este problema de inclusão não é tão simples assim, ele vem desde a grande desigualdade social presente entre as escolas públicas e privadas, até a desigualdade na globalização, pois, por mais que seja impossível pensar num mundo sem tecnologia hoje, há lugares, no Brasil mesmo, que nem ao menos energia elétrica tem, quem dirá computador com acesso a internet. 

A partir disso, a nova palavra de ordem da tecnologia na educação é quantidade, e quem senão as mídias sociais para atender cada vez mais alunos ao mesmo tempo, com maior qualidade? Tablets com acesso a redes sociais específicas estão sendo inseridos nas escolas, assim como o aluno e professor passaram a assumir diferentes papeis: O dinâmico e o independente.

Mas não devemos nos enganar, as mudanças ainda engatinham. Muitos investimentos ainda são necessários para que este novo jeito de aprender vire padrão e não privilégio, investimentos esses que passam desde a formação de professores aptos para atender os alunos com a devida atualização das novidades tecnológicas existentes, aquisição de ferramentas, acessibilidade, novos materiais didáticos e etc.  

E apesar dos inúmeros benefícios já citados que as mídias sociais aplicadas à educação podem trazer, todo cuidado é pouco. Alguns pontos negativos são apontados como críticas a esse novo método. Entre elas estão a enorme quantidade de informações presentes na internet ao qual a maioria dos jovens as tomam como verdade esquecendo-se de apurar as fontes, o acesso as redes no tempo de estudo como causador de distrações, a falta de sociabilização com o mundo fora da internet causando atrofia nas maneiras de se comunicar e, por fim, o maior ponto negativo é a transformação na língua portuguesa decorrente de variação no modo de escrita própria da internet causando assim um déficit na qualidade das redações. 

Porém, os resultados andam sendo animadores. De acordo com uma pesquisa feita pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, crianças que usam programas online para aprender estão nove pontos acima da média e são mais motivados que as outras crianças e, sob uma perspectiva sociológica dessa situação, isso pode ser explicado pelas características da geração em que nos encontramos agora, a chamada Geração Z, também conhecida por Geração do Milênio ou Geração da Internet. Crianças que não imaginam o mundo sem computador, celular e vídeo game, que já nasceram e conviveram toda a vida com a tecnologia e são capazes de fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo, com rapidez. Simplesmente não precisam aprender a lidar com nenhum tipo de tecnologia que venha a surgir, eles já nascem com esta capacidade, portanto, são menos fascinados com a tecnologia. 

Estamos sendo constantemente convidados a explorar a tecnologia da melhor maneira possível, não podemos simplesmente recusar este convite. Não há problema nenhum em fazer uso das tantas mídias sociais que existem para educação, afinal, ela já está inserida na realidade do jovem, e usar coisas que lhes são rotineiras é um ótimo jeito de fazer com que eles aprendam.

E certamente o mundo daqui para frente depende desta tecnologia, não há como progredir sem ela e, fazer com que os alunos se afastem ao invés de integrá-las a este meio seria o mesmo que retroceder.
Sobre a autora:
Aline

Aline (alinerodrigues@sautlink.com) é estudante e apaixonada na arte de escrever e pesquisar histórias e fatos. No Grupo Sautlink é colaboradora da área de Comunicação, Conteúdo e Mídias Digitais.

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