Mercado de Livros digitais
Cada país tem costumes, gostos e regras diferentes, logo, o que vale em um lugar pode não valer em outro. É assim com as roupas que não viram moda em todas as regiões, com o estilo musical que nunca é predominante, corte de cabelo, comida e assim por diante, mas em geral, no Brasil, as coisas que chegam de fora são bem recebidas, claro que com algumas modificações a nosso gosto, mas sempre acabam caindo nas graças do popular. No entanto, há uma coisa entre todas as novidades que despontaram no país nesses últimos tempos que vem surpreendendo os especialistas no assunto de um modo não tão bom quanto o esperado: os E-Books. Para um mercado tão em alta nos outros países, aqui, a falta de público é apontada como um dos principais motivos causadores da economia instável neste setor.
Antigamente, as novidades lançadas em outros países demoravam muito tempo para alcançar o povo brasileiro, as vezes, levavam mais de anos, hoje, isso já mudou. Com o fenômeno da Globalização, o tempo de lançamento dos produtos de um país para o outro são mínimos e quando se trata de tecnologia a coisa fica mais rápida ainda, logo, é notável a predileção da maioria dos brasileiros às inovações tecnológicas já que consumimos tudo o que lançam pela frente relacionadas a isso, porém, contrariando muitas opiniões e teses, com os livros digitais não foi assim. Com mais de cinco anos de existência, ele ainda batalha para conseguir seu espaço neste país, espaço esse que certamente já foi conquistado em países como EUA, por exemplo, onde os E-books já representam 30% do faturamento das editoras. Em comparação, resultados como os apontados pelo Instituto Pró Livro e o Ibope mostram apenas 5% dos brasileiros lendo E-books no Brasil e mais, que o livro “Comer, rezar e amar” da Objetiva teve 75 downloads enquanto foram vendidos 10 mil impressos. Tudo isso são apenas reflexos de muitos impasses e discussões que ainda giram em torno deste assunto.
Mas se for para tratar dos impasses, temos que tomar as velhas e ultrapassadas comparações como o maior deles. Os leitores apaixonados por livros tradicionais dificilmente vão querer trocá-los pelos digitais já que apenas o fato de virar as páginas são verdadeiros rituais para estas pessoas, além disso, o prazer de entrar numa livraria ou biblioteca, tocar em uma capa de livro ou até mesmo sentir o cheiro dele é algo que não pode ser simplesmente substituído por uma coisa puramente mecânica quanto uma tela de algum dispositivo com capacidade para este tipo de leitura. Em contraponto, os defensores dos e-books sabem e tem plena consciência de que eles, os livros digitais, não chegaram com este intuito de substituição e sim para facilitar a nossa vida como qualquer outro aplicativo vem fazendo hoje em dia.
Outro ponto bem enfatizado para quem torce e acredita nos benefícios deste novo tipo de livro no Brasil é a contribuição para popularizar a leitura. Isso mesmo! Os livros digitais são vistos por alguns como uma chance a mais que o país tem de incentivar a prática da leitura, uma vez que os tantos formatos utilizados para isso podem, de certa forma, acabar atraindo a atenção e despertando a curiosidade de quem não está acostumado a ler, assim como, se a dificuldade para se ter acesso aos livros forem levados em consideração, pode minimizar as barreiras impostas pela distância, pois sai bem mais rápido e barato enviar um livro pela internet do que mandar a versão impressa.
O Portal Domínio Público é um exemplo bem consistente de como o uso dos livros digitais pode dar certo em muitos aspectos e em muitas áreas diferentes, com mais de cem mil obras digitalizadas pelo MEC (Ministério da Educação) disponíveis para o uso popular. Entre elas temos obras de Machado de Assis, Fernando Pessoa, Gil Vicente, e até mesmo Shakespeare. E os planos do MEC não param por ai, eles pretendem usufruir de tudo que os E-books tem a oferecer, uma vez que, para 2015, o Ministério pretende distribuir livros didáticos no formato digital.
Mas voltando um pouco a relutância em aceitar a tecnologia no mundo dos livros, ela, consequentemente, acaba gerando muitos impactos negativos para esta economia, que, como já dito, sem alvo consumidor para se consolidar torna-se um mercado desanimador para as livrarias e editoras. Dados da CBL (Câmara Brasileira de Livros) apontam que o faturamento, em especial das editoras, não passa de 1%. Desse modo, as perspectivas para um futuro promissor neste setor não são das melhores, e as editoras, por conta disso, não investem o tanto que deveriam ocasionando assim outros tipos de problema como a pequena oferta de obras em português, alto custo dos livros e distribuição não estabelecida.
Esta última parte da distribuição não estabelecida, por sua vez, se torna um dos impasses mais complexos, pois, por mais que muito dos processos comecem nas editoras, as livrarias, responsáveis por espalhar o conteúdo, também desempenham papel fundamental na missão de incentivar, auxiliar e adaptar os leitores a esta nova modalidade. Além das livrarias que já conhecemos como Saraiva e Cultura, por exemplo, temos o duro embate entre as dominadoras neste setor Kobo, Amazon , Google e Apple, sendo que três destas chegaram praticamente ao mesmo tempo no Brasil, aumentando ainda mais a concorrência, e as duas últimas tem cinco milhões de livros disponíveis e 1,5 milhões respectivamente, no entanto, é a Apple a maior vendedora de livros digitais no Brasil já que com seu iPad, o equipamento mais popular do setor de tablets do mundo, consegue englobar o maior número de compradores.
Porém, algumas definições e melhorias ainda são necessárias para que elas obtenham resultados realmente expressivos, como decidir o preço dos livros que, mesmo envolvendo processos muito mais custosos e complicados, ainda estão altos para a realidade do Brasil, quais modelos serão específicos para livros digitais e os descontos em comissão das obras.
Uma das alternativas encontradas para diminuir estes problemas foi trazer para o Brasil um aparelho com funcionalidade voltada exclusivamente para a leitura digital, o E-reader. Com ele, muito dos motivos que serviam para vetar os e-books foram por água abaixo, entre eles está a dificuldade para ler textos na tela dos dispositivos como Smartphones e tablets. Neste equipamento leve, o transporte se torna mais fácil, a capacidade de armazenamento é boa e a preocupação com o meio ambiente é maior, fora isso, estes produtos vem com uma tecnologia chamada de e-ink (tinta eletrônica) que permite uma boa luminosidade, até mesmo sob a luz do sol, para que a leitura seja menos cansativa e mais agradável, tendo ainda a vantagem de consumir menos bateria devido ao seu tipo de display, ela chega a durar um mês inteiro.
Cada e-reader possui uma característica diferente sem perder o objetivo final já que hoje, eles estão bem atualizados e dinâmicos. Os da Sony e da Amazon já vem com suas próprias livrarias incluídas, sendo que os da Sony suportam bem o arquivo PDF no zoom.
Fazendo uma panorâmica do assunto, os livros digitais mostram mais uma vez, entre outras coisas, como esta resistência em aceitar os novos tempos e a nova realidade tecnológica em que vivemos atualmente pode acabar atrasando o que já está prognosticado. Tudo muda, e agora estamos em uma nova geração. É claro que nem tudo será substituído, mais aos poucos a tecnologia, de um jeito o
Cbnbn u de outro, vai complementar as coisas de acordo com a nossa necessidade. Além do mais, estes e-books são a prova de que o original não precisa ser trocado e muito menos substituído, basta que o novo e o tradicional convivam em harmonia, pois afinal, espaço neste país, e principalmente no mundo, é o que não falta para isso.
Aline (alinerodrigues@sautlink.com) é estudante e apaixonada na arte de escrever e pesquisar histórias e fatos. No Grupo Sautlink é colaboradora da área de Comunicação, Conteúdo e Mídias Digitais.
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