Games e Metaversos
A vida em sociedade, ainda que este conceito tenha se ampliado e se modificado com o passar do tempo, exige certas convenções e compromissos que, de certa forma, acabam interferindo no modo de vida que temos, e principalmente, em nossa personalidade. Devido a tantas imposições, passamos a seguir estilos de vida diferentes daqueles que temos vontade e que planejamos para nosso futuro. Como resultado disso, nos deparamos constantemente com o desejo de mudar, de reparar nossos defeitos, inflar nossas qualidades e, quem sabe até, apagar os erros cometidos ao longo da vida, ou seja, abandonar permanentemente a personalidade antiga para recomeçar outra a partir de novos conceitos.
A criação de mundos paralelos ao que vivemos hoje, como os metaversos e os games, foi um dos jeitos encontrados para amenizar estes efeitos da vida em sociedade. Com mecanismos de fuga da realidade, ganhamos a liberdade necessária para assumir a determinada postura que sempre tivemos vontade sem precisar deixar de cumprir com as obrigações colocadas.
Atualmente existem muitos tipos de metaverso, cada um com detalhes e características diferentes, contribuindo para que seu termo seja difícil e complexo de explicar. No entanto, por se tratar de algo que já nos é comum, todos em algum momento da vida já fizeram uso dele para se abstrair da sua real situação. Poderemos usar exemplos simples do cotidiano para que sua definição fique mais clara.
Antes de qualquer coisa, precisamos saber que o metaverso é um tipo de mundo virtual em 3D que, por meio de dispositivos digitais e da interação das pessoas dentro deles, consegue copiar a vida real, permitindo modificações naqueles aspectos que não nos agradam. Tendo consciência disso, todo o resto se torna menos confuso.
Dinamismo, agregação de valores, avatares, socialização e variedade são algumas das características deste termo difundido ainda em 1984, no livro “Neuromancer”, de William Gybson, mas consolidado por outro escritor, o Neal Stephenson, na década de 90, com o livro “Snow Crash”. A partir deles, a ideia de ampliação de um espaço virtual dentro de um mundo físico foi sendo desenvolvida com o passar do tempo até o que conhecemos hoje.
Os primeiros jogos online, ainda na década de 70 foram os percursores deste processo, o modo de relacionamento entre as pessoas além do jogo se limitava aos textos nas salas de bate-papo, mas nessa época, era o bastante para a criação de uma realidade paralela. Os Tamagochis, inesquecíveis bichinhos virtuais, é outro exemplo válido para a construção do termo, ele necessitava de cuidados constantes para sobreviver, e quem o controlava precisa estar integrado em seu mundo para dar conta desta tarefa contínua.
Já nos dias atuais, com o notável avanço tecnológico, essas primeiras formas de metaversos foram aprimoradas de tal maneira que é capaz de suportar centenas de jogadores online simultaneamente, por isso dizemos que eles são MMO (Massive Multiplayer Online), que em português significa Jogo eletrônico online multijogador em massa. Esta propriedade por sua vez constata a existência dos muitos tipos de metaversos como já dito.
Temos os RPG (Role – Playing Game), um jogo onde o usuário assume um personagem, na maioria das vezes um ser mágico e com poderes fantásticos, e passa a interpretá-lo de acordo com as situações apresentadas. Já os RTS (Real Time Stratategy) são jogados em tempo real e se caracteriza pelo comando do jogador sobre um exército, com as melhores estratégias, visando atacar os outros jogadores que também comandam exércitos; um bom exemplo seria o jogo Age Of Empire. Os FPS (First person Shooter) são os famosos jogos de tiro em primeira pessoa, onde o usuário assume a personalidade de um atirador/soldado munido de artifícios como armas e bombas, contra os outros jogadores na mesma situação; o jogo Combat arms se encaixa nesta categoria. Além desses, tem ainda o BG (browser game), jogos de navegador online em massa, que não precisam de instalação como o Dragon Fable.
Porém, é o software Second Life o maior responsável pela disseminação do termo Metaverso. Desenvolvido em 2003, serve como um simulador social perfeito, precisa das relações humanas dentro dele convertidos em avatares, para funcionar.
Embora tenha a propriedade de games também, o Second Life não serve apenas para isso, prioriza muito mais o entretenimento do que qualquer coisa, já que desafia o usuário a uma nova forma de convivência e propõe outros jeitos de comunicação diferentes do convencional. Essas características, por sua vez, são próprias dos metaversos MMOSG (MMO Social Games), que são modos de relacionamentos online que tem como objetivo a interação com outros usuários. No caso do Second Life, os passeios por ambientes virtuais comuns aos participantes são as principais vias de comunicação.
No final das contas, todos buscam, de alguma forma, fugir da realidade para ser livre em suas escolhas, e com os metaversos isso é possível. Com eles, você pode ser o que quiser, como quiser e o que quiser. Não terá leis que apontem o que é certo ou não, ou que direcionem sua vida.
Logo, é perceptível a dualidade do conceito de metaverso. Ao mesmo tempo em que existem várias vertentes comuns entre si, cada uma tem sua singularidade. Basta escolher o tipo de mundo virtual que mais combina com o estilo de vida que você gostaria de levar.
Aline (alinerodrigues@sautlink.com) é estudante e apaixonada na arte de escrever e pesquisar histórias e fatos. No Grupo Sautlink é colaboradora da área de Comunicação, Conteúdo e Mídias Digitais.
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